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Estudo feito pelo Ministério da Saúde, revela que mais de 36 milhões de mulheres ignoram exame preventivo no Brasil

Segundo um levantamento recente conduzido pela ImpulsoGov, um dado alarmante emergiu: mais de 36 milhões de mulheres brasileiras entre 25 e 64 anos

Segundo um levantamento recente conduzido pela ImpulsoGov, um dado alarmante emergiu: mais de 36 milhões de mulheres brasileiras entre 25 e 64 anos não realizaram sequer um exame citopatológico do colo do útero, conhecido como papanicolau, no intervalo recomendado de três anos. Essa estatística é fruto de uma análise minuciosa com base nos dados do Sistema de Informação em Saúde para Atenção Básica (Sisab), destacando um cenário preocupante na saúde pública nacional.

O papanicolau, um exame preventivo amplamente reconhecido por sua eficácia, é essencial para a identificação precoce de lesões que podem evoluir para o câncer de colo de útero, uma das neoplasias mais comuns entre as mulheres. Embora seja indicado realizar o exame anualmente, e posteriormente a cada três anos após dois resultados consecutivos negativos, a realidade brasileira revela que milhões de mulheres ainda não têm acesso ou não priorizam essa importante ferramenta de prevenção.

A problemática vai além do acesso. Como bem destacou Juliana Ramalho, gerente de saúde pública da ImpulsoGov, existem barreiras estruturais e sociais que dificultam a adesão ao exame. Muitas mulheres, chefes de família e trabalhadoras, não dispõem de tempo ou apoio necessário para cumprir todas as etapas do procedimento, desde a marcação até o acompanhamento dos resultados. Esse descompasso evidencia um desafio estrutural no sistema de saúde, que precisa se adaptar para acolher essa demanda crescente.

O levantamento não se limita a um dado isolado. Ele traz um panorama mais amplo sobre a Atenção Primária à Saúde (APS) no Brasil, considerando indicadores que eram avaliados pelo programa Previne Brasil até abril de 2024. Esse modelo de financiamento, que buscava premiar desempenhos baseados em metas, foi recentemente substituído por uma nova metodologia, instituída pela Portaria GM/MS nº 3.493.

Entre os indicadores analisados, destacam-se dados alarmantes, como a baixa cobertura vacinal de crianças, com apenas 80% das crianças de um ano recebendo a vacina penta e contra poliomielite, quando a meta ideal é de 95%. Além disso, mais de 29 milhões de hipertensos não tiveram acompanhamento ou aferição da pressão arterial em um semestre, enquanto 12 milhões de diabéticos não realizaram exames básicos, como hemoglobina glicada.

Esses números traduzem uma realidade preocupante. Com uma população que está vivendo mais, mas que também está cada vez mais exposta a doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes e hipertensão, o Brasil precisa redobrar esforços para fortalecer a atenção primária. Segundo Ramalho, investimentos mais robustos são indispensáveis para atender às demandas de uma população envelhecida e para prevenir complicações futuras que impactem ainda mais o já sobrecarregado sistema público de saúde.

O impacto financeiro e social de não acompanhar adequadamente esses pacientes pode ser catastrófico. Quando uma doença crônica não é tratada de maneira eficiente na APS, o paciente tende a buscar atendimento em níveis mais complexos do sistema, como emergências e hospitais, o que eleva os custos para o Sistema Único de Saúde (SUS). Além disso, há o impacto humano, com o sofrimento causado por complicações que poderiam ser evitadas.

Outro ponto relevante destacado no levantamento é o papel dos dados na gestão da saúde pública. Ramalho enfatiza que a informação funciona como um “farol” para orientar a alocação de recursos e definir prioridades. Com milhões de brasileiros fora do radar da atenção primária, o levantamento reforça a necessidade de políticas públicas que promovam ações preventivas e melhorem o acesso aos serviços básicos de saúde.

Essa análise traz à tona a urgência de uma reorganização estratégica no modelo de financiamento da APS. A nova metodologia de cofinanciamento federal, implementada em 2024, surge como uma tentativa de corrigir os erros do passado e otimizar os recursos para alcançar resultados mais expressivos. No entanto, sua eficácia ainda será testada ao longo do tempo.

Um aspecto que merece destaque é a interseção entre atenção primária e desigualdades sociais. Mulheres, crianças e portadores de doenças crônicas frequentemente enfrentam barreiras que vão além do sistema de saúde, incluindo precariedade no transporte, falta de educação em saúde e limitações econômicas. Essas dificuldades exigem que estados e municípios adotem abordagens inovadoras e inclusivas para ampliar o acesso.

O levantamento da ImpulsoGov também reforça a importância do acompanhamento pré-natal de qualidade. Indicadores relacionados às gestantes mostram avanços significativos em áreas como exames para sífilis e HIV, além de consultas odontológicas. Contudo, há espaço para melhorias, especialmente no que diz respeito à integração de serviços e à redução de desigualdades regionais.

Um dos maiores desafios continua sendo o tempo de resposta para exames como o citopatológico. Reduzir o período entre a coleta e a entrega dos resultados pode aumentar a adesão e garantir que as mulheres tenham acesso ao tratamento necessário em tempo hábil. Essa agilidade é crucial, especialmente em áreas de difícil acesso, onde as barreiras logísticas são ainda mais acentuadas.

Ao final, o que se percebe é que os dados apresentados pelo levantamento não são apenas números; eles representam vidas que estão em risco e reforçam a importância de políticas públicas efetivas. Investir na atenção primária não é apenas uma questão de saúde, mas também de economia e bem-estar social.

A mensagem que fica é clara: o Brasil precisa enxergar na saúde preventiva uma ferramenta poderosa para enfrentar os desafios do presente e construir um futuro mais saudável para todos. A atenção primária é a porta de entrada do sistema de saúde, e fortalecê-la significa salvar vidas e recursos.

Enquanto isso, cabe aos gestores, profissionais de saúde e à sociedade civil unirem esforços para superar as barreiras identificadas. Só assim será possível garantir que nenhum brasileiro fique para trás no acesso a cuidados básicos e essenciais.

A saúde pública brasileira enfrenta um momento de transição e desafio, mas também de oportunidade. E você, leitor, faz parte dessa jornada. Que tal começar refletindo sobre como contribuir para uma mudança positiva? Afinal, saúde é um direito de todos e uma responsabilidade de cada um.

Com informações CNN Brasil

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