
Imagine-se em meio a um tratamento médico vital, confiando que seu plano de saúde garantirá o suporte necessário para atravessar os momentos mais difíceis. Agora, visualize ser informado de que, em apenas 60 dias, esse plano não existirá mais. Não, isso não é ficção. É a realidade que 192,2 mil beneficiários da Golden Cross estão enfrentando após a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) determinar a portabilidade especial e o cancelamento do registro da operadora.
A decisão da ANS não caiu do céu. Segundo o órgão regulador, a medida foi motivada por “graves anormalidades administrativas e econômico-financeiras” da empresa. Em outras palavras: a situação está tão crítica que o governo precisou intervir antes que os consumidores ficassem sem atendimento. É a última chamada para quem depende desse plano para continuar seus tratamentos, consultas e procedimentos.
Enquanto a Golden Cross alega que “segue no curso normal dos seus negócios” e que todos os beneficiários estão sendo atendidos normalmente, a realidade é que o cronômetro está correndo. Até o dia 11 de maio, os clientes precisam migrar para um novo plano de saúde para não ficarem desamparados.
A importância da portabilidade especial
Caso você ainda não saiba, a portabilidade especial é um mecanismo criado para proteger o consumidor em situações de crise de operadoras. Graças a ela, é possível mudar de plano sem cumprir novas carências — ou seja, se você está em meio a um tratamento médico, pode continuar no novo plano sem interrupção.
Mas preste atenção: se você já está em carência no plano atual, o tempo restante precisará ser cumprido na nova operadora. Então, quanto antes você agir, melhor.
A situação da Golden Cross não é um caso isolado. Em novembro de 2024, a Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor) abriu um processo administrativo contra 14 operadoras de planos de saúde, incluindo a Golden Cross, após cancelamentos unilaterais de contratos. Ou seja, a crise nos planos de saúde já vinha dando sinais de que algo estava prestes a explodir. Em dezembro, a própria Senacon determinou que essas empresas tivessem 60 dias para corrigir práticas consideradas abusivas. A Golden Cross claramente não conseguiu ajustar suas irregularidades.
O que você precisa fazer agora
Se você é cliente da Golden Cross, não adianta esperar um milagre. A primeira providência é buscar um novo plano de saúde o mais rápido possível. Felizmente, a ANS disponibiliza o Guia ANS de Planos de Saúde, uma ferramenta essencial para quem precisa consultar os planos disponíveis e verificar a viabilidade da portabilidade.
Para garantir sua transição sem dores de cabeça, prepare a seguinte documentação:
- Documento de identidade e CPF;
- Comprovante de residência;
- Cópias de pelo menos três boletos pagos nos últimos seis meses.
Esses documentos são essenciais para validar sua portabilidade e assegurar que você tenha acesso imediato às coberturas no novo plano.
Sua saúde não pode esperar
Não se trata apenas de burocracia. Imagine ter um tratamento médico interrompido por falta de cobertura. A saúde é um direito básico, e cada dia que passa reduz suas chances de garantir um novo plano sem percalços.
Se você tiver dúvidas, a ANS oferece canais de atendimento específicos para auxiliar os beneficiários:
- Disque ANS (0800 701 9656): Atendimento telefônico gratuito, de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h.
- Central de Atendimento para Deficientes Auditivos (0800 021 2105).
- Fale Conosco: Formulário eletrônico disponível no site da ANS.
A pior decisão neste momento é não agir. O prazo está em contagem regressiva, e quando ele expirar, a Golden Cross não estará mais lá para te atender.
Um setor em crise
Não é de hoje que o setor de planos de saúde enfrenta turbulências. Apenas em 2024, os lucros das operadoras quintuplicaram, alcançando a marca de R$ 10,2 bilhões. Contudo, esse crescimento não reflete estabilidade para todos. Muitas empresas, como a Golden Cross, demonstraram que os bastidores financeiros podem ser um campo minado para os consumidores.
Para piorar, a Justiça bloqueou recentemente R$ 33 milhões de uma operadora para garantir o pagamento de tratamentos. E se você pensa que a instabilidade afeta apenas os mais jovens, um levantamento da ANS revelou um aumento de 42% no número de centenários com planos de saúde em cinco anos. Em outras palavras: quem mais precisa de estabilidade e suporte é quem mais sofre com o colapso do sistema.
Diante desse cenário, a pergunta que fica é: até quando o consumidor vai pagar a conta da ineficiência administrativa e da ganância corporativa?
Enquanto a resposta não vem, você precisa se proteger. Não espere o prazo final. Sua saúde merece prioridade, e o momento de agir é agora.
Com informações Folha de S.Paulo