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“OMS faz último esforço para impedir que os EUA saiam enquanto Trump assume o poder” – diz Reuters

A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem, em sua essência, o objetivo de promover e coordenar esforços globais para melhorar a saúde pública.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem, em sua essência, o objetivo de promover e coordenar esforços globais para melhorar a saúde pública. Contudo, nos últimos tempos, especialmente após a decisão de Donald Trump de retirar os Estados Unidos da entidade em 2020, surgem debates intensos sobre a relevância de tal parceria. O artigo apresentado, pelos jornalista da Reuters, Jennifer Rigby e Emma Farge, expõe os preparativos da OMS para tentar convencer os EUA a manterem sua adesão, revelando um dilema crucial no cenário político e de saúde global: a retirada de uma nação tão influente pode afetar não apenas o destino da organização, mas também a segurança sanitária mundial, refletindo diretamente na saúde da população global, bem como nos interesses dos Estados Unidos.

Nos próximos parágrafos, abordarei a importância dessa decisão para a OMS, para os EUA e para o mundo, além de explorar os impactos potenciais dessa possível retirada, unindo análise técnica com uma reflexão crítica sobre o papel dos EUA na saúde global.

A OMS, como líder em questões de saúde pública mundial, representa o compromisso global com a prevenção de doenças e o enfrentamento de emergências sanitárias. Ao longo de sua história, a Organização foi peça-chave no combate à disseminação de pandemias e surtos emergentes, como a epidemia de ebola e a recente crise provocada pela COVID-19. No entanto, a decisão do ex-presidente Trump de retirar os EUA da OMS em 2020 trouxe à tona uma série de críticas e desafios. A principal acusação de Trump foi a falta de transparência e eficiência da organização, especialmente durante os primeiros estágios da pandemia. Porém, essa perspectiva de desconfiança na OMS não leva em consideração o papel vital que a organização desempenha no controle de doenças transnacionais e no apoio às nações mais vulneráveis, que carecem de recursos para enfrentar crises sanitárias sozinhas.

Por que a saída dos EUA é prejudicial para os próprios EUA? A resposta é clara quando se considera a vasta rede de dados e informações compartilhadas pela OMS entre seus membros. Os EUA, como maior doador da organização, possuem acesso privilegiado a informações globais essenciais para a prevenção de surtos. Esses dados são cruciais não apenas para a saúde pública interna, mas também para a segurança nacional, dado que muitas doenças não respeitam fronteiras. A gripe aviária H5N1, mencionada no artigo, é um exemplo perfeito de uma ameaça global que poderia rapidamente se espalhar por diferentes países. Sem a vigilância contínua da OMS, os EUA ficariam à mercê de informações incompletas ou desatualizadas, prejudicando sua capacidade de resposta rápida.

Além disso, ao desconsiderar os benefícios de manter uma colaboração estreita com a OMS, os Estados Unidos estariam colocando em risco não apenas a saúde de seus cidadãos, mas também a competitividade da indústria farmacêutica do país. O acesso a dados de saúde internacionais permite que as empresas farmacêuticas americanas desenvolvam tratamentos e vacinas mais rapidamente, baseadas em informações atualizadas sobre o comportamento de patógenos em diferentes partes do mundo. Sem essa colaboração, as empresas estariam perdendo um insumo valioso para a inovação.

O impacto de uma possível retirada dos EUA da OMS não se limita aos campos da saúde pública e da indústria farmacêutica. Esse movimento teria repercussões significativas na geopolítica e na diplomacia internacional. A OMS não é apenas um centro de controle e prevenção de doenças, mas também um fórum importante para a colaboração entre países na busca por soluções coletivas para problemas de saúde. A saída dos EUA representaria uma perda de influência no processo de tomada de decisão da OMS, favorecendo países com uma visão mais autoritária ou com menos interesse em promover os direitos humanos e a saúde universal. A OMS poderia ser reformulada para atender às necessidades de uma minoria de países, em detrimento de uma abordagem equitativa para todas as nações. Portanto, os EUA, com sua retirada, perderiam uma plataforma de poder crucial no cenário internacional de saúde.

A oposição à saída dos EUA da OMS não é apenas uma questão de conveniência para a organização, mas uma questão de segurança global. O próprio Lawrence Gostin, citado no artigo, sublinha que a retirada dos EUA não seria apenas uma “ferida profunda” para a OMS, mas também uma “ferida ainda mais grave” para os interesses nacionais dos EUA. A interdependência das nações em matéria de saúde pública e segurança não pode ser ignorada, especialmente em um mundo cada vez mais globalizado, onde as ameaças sanitárias transcendem fronteiras nacionais.

O papel da OMS é vital não apenas para os países em desenvolvimento, mas também para as nações desenvolvidas. A colaboração internacional tem demonstrado ser a forma mais eficaz de enfrentar ameaças à saúde pública que não podem ser combatidas de maneira isolada. Durante a pandemia de COVID-19, por exemplo, foi a colaboração entre países e a coordenação das respostas de saúde pública, apoiadas pela OMS, que permitiram o desenvolvimento rápido de vacinas e tratamentos. Uma saída dos EUA poderia fragilizar essa rede de cooperação internacional, deixando o mundo mais vulnerável a crises sanitárias futuras.

Os opositores da OMS, por outro lado, frequentemente argumentam que a organização é ineficaz, lenta e politicamente motivada. Esses pontos são compreensíveis, especialmente em um contexto onde a OMS tem sido criticada por sua gestão inicial da pandemia de COVID-19. No entanto, uma avaliação mais aprofundada revela que, apesar de suas falhas, a OMS continua a ser uma peça-chave na coordenação global para o enfrentamento de crises sanitárias. Sem ela, os países poderiam se ver lutando sozinhos, sem uma direção clara ou um ponto de coordenação internacional.

O que seria da saúde global sem a OMS? A resposta é simples: uma rede desarticulada de esforços, onde a ineficiência, a fragmentação e a falta de comunicação entre os países predominariam. A OMS, com todos os seus defeitos, continua sendo o maior esforço coordenado de saúde pública global. Sua missão é criar soluções para os desafios globais de saúde, desde as doenças infecciosas até a obesidade e as doenças não transmissíveis. Sem ela, a saúde mundial seria muito mais suscetível a falhas, deixando o mundo em um estado de constante crise, como vimos nos últimos meses com o ressurgimento de várias doenças negligenciadas.

Em suma, a tentativa da OMS de convencer os EUA a manter sua adesão não é apenas uma questão de diplomacia ou de interesses institucionais. É uma questão de segurança global e de bem-estar coletivo. A saída dos EUA representaria não apenas uma perda para a OMS, mas uma grande perda para a saúde mundial. Com a pandemia de COVID-19 ainda fresca na memória e com novas ameaças à saúde sempre no horizonte, a cooperação internacional nunca foi tão crucial. Ao se retirar da OMS, os EUA não estariam apenas cortando uma ligação importante para a saúde global, mas também colocando em risco sua própria saúde e segurança. É hora de reconsiderar e adotar uma visão mais globalizada e colaborativa para a saúde pública.

Com informações Reuters

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