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1º Fórum SUS Digital no Mato Grosso do Sul: Transformação e inclusão tecnológica na saúde pública

Promover a transformação digital no SUS é um dos grandes desafios e, ao mesmo tempo, uma das maiores oportunidades para o avanço da

Promover a transformação digital no SUS é um dos grandes desafios e, ao mesmo tempo, uma das maiores oportunidades para o avanço da saúde pública no Brasil. O 1º Fórum Online sobre o Programa SUS Digital, realizado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES), apresenta-se como um marco estratégico, reunindo gestores, representantes de saúde digital e outros atores fundamentais no processo de modernização dos serviços. Essa iniciativa não é apenas um evento protocolar; ela reflete uma mudança profunda de paradigma, essencial para um sistema de saúde que atende milhões de brasileiros diariamente.

O Sistema Único de Saúde, criado com a premissa de universalidade, integralidade e equidade, encontra-se em um momento crítico em sua trajetória histórica. O fórum realizado entre os dias 13 e 16 de janeiro evidencia um passo decisivo rumo à digitalização, que, se bem implementada, pode redefinir completamente a forma como os serviços são ofertados e acessados. O diagnóstico situacional das macrorregiões, aliado ao uso do Índice Nacional de Maturidade em Saúde Digital (INMSD), demonstra o empenho em alinhar a teoria à prática, um aspecto frequentemente negligenciado em políticas públicas de grande escala.

A superintendente de Saúde Digital, Márcia Cereser Tomasi, apresentando os resultados dos diagnósticos.

A gestora Márcia Cereser Tomasi, ao enfatizar a importância da cooperação entre municípios e estado, não está apenas discursando; ela aponta para uma necessidade estrutural de trabalhar de forma integrada em um país de dimensões continentais como o Brasil. A saúde digital, nesse contexto, não é um luxo tecnológico, mas uma resposta prática às desigualdades regionais e à complexidade do sistema de saúde. A proposta de construir planos de ação com base em diagnósticos reais e direcionados, enviados por meio da plataforma InvestSUS, é um exemplo concreto de como a gestão estratégica pode ser aplicada de forma funcional.

No entanto, o desafio não está apenas em diagnosticar e planejar. A etapa de implementação requer uma infraestrutura robusta, capacitação contínua e, principalmente, vontade política para superar barreiras históricas. A digitalização da saúde é, antes de tudo, uma transformação cultural. Ela exige dos gestores e profissionais da área não apenas a adoção de novas ferramentas, mas também uma mudança de mentalidade, onde o foco esteja no cidadão como protagonista do processo de cuidado.

O uso do INMSD como métrica para medir o progresso não é apenas inovador, mas também indispensável. Em um país onde a desigualdade de acesso à saúde é evidente, a criação de indicadores padronizados permite comparar avanços entre diferentes regiões e ajustar estratégias com base em dados concretos. Esse tipo de abordagem baseada em evidências é uma mudança significativa no tradicional modelo de saúde pública do Brasil, muitas vezes reativo e fragmentado.

Outro ponto que merece destaque é o papel do fórum como espaço de troca de experiências. A centralidade das macrorregiões – Campo Grande, Dourados, Corumbá e Três Lagoas – reforça a importância de adaptar as estratégias às realidades locais, ao mesmo tempo em que promove a convergência de esforços em nível estadual. Essa descentralização alinhada a um plano nacional é a chave para garantir que os avanços tecnológicos cheguem à ponta do sistema, onde estão os usuários finais.

A Portaria GM/MS nº 3.232, que instituiu o programa em abril de 2024, é mais do que um marco regulatório; ela é um compromisso com a modernização em três etapas claras: planejamento, implementação e avaliação. Esse modelo estruturado, embora ambicioso, tem o potencial de estabelecer um novo padrão para a gestão pública no Brasil, especialmente se os gestores conseguirem resistir à tentação de transformar o programa em um exercício meramente burocrático.

A transformação digital no SUS, conforme apresentada no fórum, também carrega implicações éticas e sociais profundas. A digitalização deve ser inclusiva, garantindo que nenhum cidadão fique para trás. Acesso à internet, capacitação digital e usabilidade das plataformas são aspectos críticos que precisam ser abordados para evitar que a implementação de tecnologias acentue desigualdades já existentes. Afinal, a tecnologia deve ser uma ponte, não uma barreira.

Outro aspecto crucial é a segurança dos dados dos pacientes. A saúde digital, para ser confiável, precisa adotar padrões rigorosos de proteção de dados, especialmente em um momento em que o debate sobre privacidade e segurança digital ganha relevância global. O uso de plataformas como o InvestSUS precisa ser acompanhado por políticas claras de proteção de dados, que inspirem confiança nos cidadãos e evitem eventuais abusos ou vazamentos.

O compromisso do estado de Mato Grosso do Sul com a modernização e ampliação da qualidade no atendimento é louvável, mas também deve ser visto como um exemplo para outras unidades da federação. A saúde digital é uma tendência irreversível, e estados que investirem de forma estratégica e integrada colherão os frutos desse pioneirismo, tanto em termos de eficiência quanto de satisfação da população atendida.

Por fim, é essencial destacar que a transformação digital no SUS não se limita à tecnologia. Ela representa uma oportunidade única de repensar os modelos de cuidado, colocando o paciente no centro do processo e utilizando a tecnologia como uma ferramenta para humanizar – e não desumanizar – os serviços de saúde. A troca de experiências mencionada pela gestora Márcia Cereser Tomasi é uma peça fundamental desse quebra-cabeça, pois permite aprender com erros e acertos, construindo um sistema mais resiliente e adaptado às necessidades da população.

O evento, realizado com encontros virtuais e a participação de gestores de diferentes regiões, não é apenas um indicativo de progresso; ele é uma chamada à ação. Ele nos lembra que a saúde pública no Brasil precisa ser dinâmica, inovadora e, acima de tudo, acessível. A tecnologia, por si só, não resolverá os problemas estruturais do SUS, mas ela pode, sem dúvida, ser um catalisador para soluções que antes pareciam inalcançáveis.

Para os amigos da Sociedade Médica, o exemplo do 1º Fórum Online do Programa SUS Digital é uma demonstração clara de como a transformação digital pode e deve ser usada para aprimorar a qualidade dos serviços. Mais do que nunca, é fundamental acompanhar esses avanços de perto, participar ativamente das discussões e contribuir para que a saúde pública brasileira se torne um exemplo global de inovação e inclusão.

Com informação SES/Mato Grosso do Sul

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